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25 de Abril de 2024

Ministro da Saúde reclama do tamanho do SUS. E quer que aborto seja debatido com a Igreja

'Constituição só tem direitos, não tem deveres'.

Publicado por Alan Lopes
há 8 anos

Em duas entrevistas diferentes, o ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), tocou em dois pontos centrais: o tamanho e o custo do Sistema Único de Saúde (SUS) e o aborto.

Sobre o acesso à saúde, Barros afirmou à Folha que vai ser preciso que o Brasil repactue seu acerto com a população. O exemplo é a Grécia, que cortou as aposentadorias. Segundo ele, o Orçamento deste ano não sustentará as obrigações do Estado.

"Temos de chegar ao equilíbrio entre o que o Estado tem condições de suprir e o que o cidadão tem direito de receber".

Confira o trecho principal da fala do ministro à Folha:

Mais de 1,3 milhão de pessoas deixou de ter planos de saúde no último ano. Isso vai sobrecarregar ainda mais o SUS...

A ANS precisa ser mais ágil na regulação. A judicialização na área dos planos tem obrigado que eles façam reajustes muito acima da inflação. Cada vez que uma decisão judicial determina incluir um procedimento na cobertura do plano, aumenta o custo e ele tem que repassar para o consumidor. Isso acaba prejudicando a todos os usuários, encarecendo o sistema e fazendo com que mais pessoas deixem de ter planos. Quanto mais gente puder ter planos, melhor, porque vai ter atendimento patrocinado por eles mesmos, o que alivia o custo do governo em sustentar essa questão.

Não deveria ser o contrário, estímulo para um SUS melhor, já que pagamos impostos e temos direito à saúde?

Todos os cidadãos já pagam pela saúde, todos os cidadãos já pagam pela segurança. No entanto, os gastos com segurança privada são muito superiores aos da segurança pública. Infelizmente, a capacidade financeira do governo para suprir todas essas garantias que tem o cidadão não são suficientes. Não estamos em um nível de desenvolvimento econômico que nos permita garantir esses direitos por conta do Estado. Só para lembrar, a Previdência responde por 50% das despesas do Orçamento da União. O Estado acaba sendo um fim em si mesmo, e não um meio. O que adianta o médico sem remédio, o pedreiro sem o tijolo, o motorista sem o combustível. Nada. Não presta serviço para a comunidade.

O que fazer? Mudar a Constituição, que determina que a saúde é um direito universal?

A Constituição cidadã, quando o Sarney sancionou, o que ele falou? Que o Brasil iria ficar ingovernável. Por quê? Porque só tem direitos lá, não tem deveres. Nós não vamos conseguir sustentar o nível de direitos que a Constituição determina. Em um determinado momento, vamos ter que repactuar, como aconteceu na Grécia, que cortou as aposentadorias, e outros países que tiveram que repactuar as obrigações do Estado porque ele não tinha mais capacidade de sustentá-las. Não adianta lutar por direitos que não poderão ser entregues pelo Estado. Temos que chegar ao ponto do equilíbrio entre o que o Estado tem condições de suprir e o que o cidadão tem direito de receber.

Já para o Estadão, o ministro afirmou que o País vai precisar discutir o aborto no Brasil, já que há um grande número de procedimentos e mortes. "Como é o crack. É uma entre outras mazelas que precisam ser cuidadas pelo poder público". E pediu a presença da Igreja no tema.

Como o senhor pretende tratar o tema do aborto?

Esse é um tema delicado. Recebi a informação de que é feito 1,5 milhão de abortos por ano. Desse total, 250 mil mulheres ficam com alguma sequela e 11 mil vão a óbito. Esse é um tema que vou estudar com muito carinho com nossa equipe. Vou ver com o governo qual será nossa diretriz para agir nessa direção. Essa é uma decisão de governo. Não de um ministério, algo que possa ser decidido individualmente.

O senhor considera aborto um problema de saúde pública?

Esse é um problema que existe e precisa ser cuidado. Como é o crack. Como tantas outras mazelas da sociedade que precisam ser cuidadas pelo poder público. Mas a maneira como vamos abordar isso vai depender de discussões. Vamos ter de conversar com a Igreja. A decisão do ministério não deve provocar resistência ou discussão. Temos de ajustar. Antes de propor uma política para isso, vamos ter de realizar um diálogo muito amplo.

Ministro da Sade reclama do tamanho do SUS E quer que aborto seja debatido com a Igreja

A revista Época, em matéria publicada nesta terça-feira, afirma que o maior doador individual da campanha de Ricardo Barros para deputado federal em 2014 foi Elon Gomes de Almeida, sócio do Grupo Aliança, administradora de benefícios de saúde. Elon doou R$ 100 mil para a campanha do novo ministro.

Fonte: HuffPost Brasil

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24 Comentários

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todo o montante de valores destinado ao SUS, que hoje é municipalizado, ao chegar no destino muito se "perdeu" no trajeto. Eles nunca falam em cortar as gorduras bem calóricas dos salários dos parlamentares. Nunca falam em taxar grandes fortunas, aumentar valor de impostos para imóveis de alto padrão que as vezes chegam a pagar o mesmo que um imóvel popular. País das desigualdades, legislando sempre em desfavor do povo. continuar lendo

1,5 milhão de abortos / ano? Alguma coisa está errada neste número. Eu diria que é apenas impossível matematicamente este número estar correto. E ainda que estivesse - e não está -, não é um tema para ser tratado pelo Ministro da Saúde e sim pelo Legislativo que foi eleito para tal tarefa.

De resto ele tem razão, a nossa Carta tem direitos mas quase nenhuma obrigação. E como todo direito tem um custo associado, é necessário que o Estado arrecade mais através de impostos. E assim acaba por sobrar MENOS nas mãos do cidadão que vai pagar mesmo que não use e se quiser usar irá pagar preferir pagar ao setor privado (ou quantos usam o SUS / escola pública... por vontade e não por falta de dinheiro?). Assim, a alternativa mais saudável e prudente vem daquela que o PT fez mas sempre negou e ainda criticou quem fazia: PRIVATIZAÇÃO, ou seja, entregar à iniciativa privada e à competição de mercado livre não o altamente regulado como é hoje (basta ver que quanto mais regulado, pior é o serviço prestado). continuar lendo

Interessante que Meirelles nao se compromete com o imposto sobre heranças... continuar lendo

Perfeito! É isso mesmo. continuar lendo

Privatização só é saudável para o capital. Para a população é uma roubada. Há inúmeros casos em que o Estado teve que retomar setores anteriormente privatizados, como previdência social, saúde, sistema prisional, dentre outros, naturalmente socializando os prejuízos privados. Fascistas adoram privatizar. Para quem não sabe, os primeiros privateiros foram o fascismo italiano e o nazismo alemão. A grana entra rapidamente, as comissões são boas e de difícil rastreamento e punição. Nossa Carta tem direitos e obrigações para todos, mas só os assalariados pagam a conta. Quem vive de rendas e de lucros paga pouquíssimo, quando paga. continuar lendo

"Ministro da Saúde reclama do tamanho do SUS".
O SUS não é muito grande. Seria muito grande se tivesse uma estrutura e custo para atender além da população. A sua atual estrutura não dá conta de atender os cidadãos. Como pode ser grande? Atualmente, não atende nem o necessário. Querem reduzir ainda mais?

Arrecadar mais? O Brasil é um dos países que mais arrecadam impostos no mundo, não só em valores, mas sim em relação contribuinte x valor arrecadado, pois temos uma das maiores cargas tributárias do mundo, mas não temos retorno. E ainda acham que para o Estado cumprir com seus deveres ele deve arrecadar ainda mais? Que tal começar a equilibrar as contas cortando cabides de emprego? Assessores parlamentares, reduzir verbas de gabinete e, acima de tudo, fazer valer a lei e punir os corruptos que sangram os cofres públicos. O Brasil foi roubado em centenas de bilhões. Os valores dos desvios são superiores aos investimentos em educação e saúde. Imaginem todo esse dinheiro roubado chegando ao destino certo. Colocar a dívida nas costas do cidadão não é a melhor saída. continuar lendo

É Ministro já começou mal. Porque só o trabalhador tem que pagar pelo erro de vocês. Não fazem nada pelo trabalhador e pelo aposentado muito menos. Pois só pensam em desprezar quem já fez muito pelo nosso pais, e na hora que precisam descansar, começam a serem menospressado e tachados de lixo.Pois vocês quando Deputados ao assumirem o cargo a primeiro coisa que fazem e aumentar o salário de vocês que é muito auto para não fazerem nada. Você deveria ter vergonha em querer acabar com o SUS. Ponha a mão na sua consciência e olha pelo povo que votou em você, creio que nesse momento devem estar arrependidos pelo que fizeram. continuar lendo